Por Que Conto Aves: Uma Reflexão Por Que Conto Aves: Uma Reflexão Pessoal Sobre Obsessão, Propósito e o Panorama Maior
- Gyorgy Szimuly
- 30 de mar.
- 3 min de leitura
De vez em quando, alguém me pergunta por que sou tão obcecado pelo monitoramento de aves. Por que me importo com levantamentos que parecem rotineiros. Por que insisto em realizar contagens estruturadas em lugares remotos – mesmo quando poucos parecem notar.
A resposta não é curta. Mas é simples: porque eu já vi o que esses dados são capazes de fazer. E porque acredito no que eles representam.

“Contar aves nunca tirou a alegria de simplesmente observá-las. Se algo mudou, foi que aprendi a prestar mais atenção.”
No final dos anos 1990, trabalhei na BirdLife Hungria como coordenador de programas. Ajudei a lançar esquemas de monitoramento em nível nacional para as espécies mais comuns – aquelas que vemos com tanta frequência que corremos o risco de deixá-las passar despercebidas. Também contribuí para o desenvolvimento de um programa de longo prazo voltado para aves aquáticas coloniais, espécies que dependem de sistemas úmidos frágeis, vulneráveis até mesmo aos menores distúrbios.
Esses programas ainda estão ativos até hoje. Eles cresceram, evoluíram – e, mais importante ainda, permaneceram ao longo do tempo.
Anos depois, fundei o Dia Mundial dos Aves Limícolas World Shorebirds Day e sua iniciativa central, o Contagens Globais de Aves Limícolas Global Shorebird Counts. Nasceu do mesmo desejo: reunir observadores de aves do mundo todo para contribuir com uma compreensão coletiva. Essas contagens não geram manchetes chamativas. Eu não publico relatórios brilhantes. Mas cada registro enviado alimenta bancos de dados globais – incluindo aqueles analisados pela equipe do eBird, em Cornell. Eles sabem o quanto dados consistentes, estruturados e de longo prazo são valiosos – e o quanto são difíceis de obter.
Nunca fiz isso por reconhecimento. Só quero garantir que o que hoje parece comum não se torne invisível amanhã. Que nosso conhecimento fragmentado fique um pouco mais conectado. Que nossos pontos cegos diminuam – um levantamento, uma ave por vez.

Por Que o PatchBird Continua Essa Missão
O Projeto PatchBird é a minha forma de continuar — e expandir — essa missão.
É um convite aos observadores para irem além da contemplação. Para documentar. Para dar o passo extra que transforma paixão em conhecimento. Para preencher as lacunas deixadas pela busca por hotspots e pelos terrenos pouco pesquisados.
Alguns podem dizer que é ambicioso demais. Outros talvez ainda não vejam sentido nisso.
Mas eu já vi pequenas sementes se transformarem em programas nacionais de monitoramento. Já vi observações de voluntários ecoarem em artigos científicos revisados por pares. Já vi o invisível se tornar visível.
É por isso que conto aves.
Não porque seja glamoroso. Não porque seja fácil. Mas porque importa.

Seu Patch Também Importa
Até agora, enviei mais de mil listas cobrindo 133 grades UTM, e monitoro regularmente 50 delas. Esse é o meu compromisso pessoal com a Iniciativa PatchBird – e com as aves.
Mas eu não posso fazer isso sozinho.
Seja monitorando uma grade ou cinquenta, suas observações ajudam a completar o panorama maior. Ninguém mais pode documentar o seu patch local do jeito que só você pode.
Se você acredita nas aves, acredite também nos dados sobre elas. Escolha um quadrado. Conte com consistência. Ajude a construir algo que permaneça. Porque o que fazemos hoje molda o que as aves – e a próxima geração de observadores – herdarão amanhã.
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